O diretor-geral da Usina de Itaipu, Jorge Samek, disse hoje (22), em Curitiba, que considera o Tratado de Itaipu “ditoso” para os dois países. Ao manifestar sua posição contra qualquer alteração no contrato da binacional, ele afirmou que acha justo o valor pago pelo Brasil ao Paraguai pela cessão da energia produzida por Itaipu, que atualmente é de 45,31 U$/MWh. “Quando se fala em preço justo, é justamente o que praticamos”, enfatizou. Segundo Samek, nas concessionárias brasileiras, o preço médio praticado está em torno de U$ 38.
Samek disse à Agência Brasil que é preciso entender que o presidente eleito do Paraguai, Fernando Lugo, não tem obrigação de conhecer todo o tratado da usina e seus enunciados técnicos e jurídicos, que são muitos complexos. Acrescentou que ele mesmo, após cinco anos, ainda encontra algumas dificuldades. O diretor-geral de Itaipu acredita, entretanto, que todas essas questões serão discutidas nos próximos dias.
Brasil e Paraguai faturam juntos, anualmente, U$ 3,2 bilhões com a energia produzida pela binacional. Do total, 75% estão comprometidos com o pagamento de dívidas e juros contraídos ainda na construção da usina. Outros 14% são para pagamento de royalties e cessão de energia. “Portanto, a maior hidrelétrica do mundo é administrada e tem todos os projetos de modernização implantados com apenas 11% do orçamento”, disse Samek.
Segundo o diretor-geral de Itaipu, o Paraguai é o único país do mundo que até o ano 2050 não terá que se preocupar com novas fontes de energia , o que tira o sono de muitos presidentes. Ele lembrou que Itaipu foi construída para aproveitar o potencial energético que existia no Rio Paraná, sem beneficiar a população local.
No entanto, lembrou Samek, foi necessário superar dificuldades para realizar a obra. Como o rio estava localizado às margens de dois países, ressaltou ele, tinha que ser feito um projeto binacional, o que era complicado na época, há 35 anos. “Era algo inovador e caro. Por isso, foram feitos acordos longos, que só seriam revistos após 50 anos”, explicou.
Esse acordo previa a produção de energia para atender as necessidades do Paraguai e do Brasil. Para construir a obra, foi feito um empréstimo, cujo pagamento é feito com a própria geração de energia. Além disso, também ficou definido que entraria dinheiro líquido para os dois países, por meio de royalties. Até agora, o Paraguai recebeu U$ 4, 4 bilhões, e o Brasil, U$ 3, 2 bilhões.
“O projeto era ousado, mas deu certo, e o Tratado de Itaipu é referência para muitos países. É uma das usinas mais premiadas do mundo em administração, todas as suas dívidas estão pagas e seus compromissos estão rigorosamente em dia e ainda possui a melhor prática ambiental do mundo.A construção da Itaipu exigiu investimentos diretos de US$ 12,2 bilhões. Porém, com a rolagem da dívida e contratação de novos empréstimos na época, esse montante chegou a US$ 26,9 bilhões. Atualmente está em US$ 18,7 bilhões. A dívida da Itaipu Binacional é decrescente, tendência que se manterá constante até sua quitação total, em fevereiro de 2023 (ano em que o Tratado de Itaipu completará 50 anos).
“Itaipu, reafirmo, é um empreendimento excelente tanto para o Brasil como para o Paraguai. Temos uma sociedade num empreendimento avaliado hoje em U$ 60 bilhões, valor equivalente a seis vezes o PIB paraguaio”, destacou o diretor-geral de Itaipu.
Agência Brasil
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