quarta-feira, 23 de julho de 2008

Combate à inflação não irá sacrificar conquistas dos mais pobres, garante Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira (22) que parte dos recursos oriundos com a venda de petróleo no país será investigada em favor da melhoria da qualidade de vida dos menos favorecidos financeiramente.
"Está na hora dos pobres ocuparem um lugar de destaque nos indicadores de bem-estar social e não apenas indicadores de miséria, como no século passado", afirmou o presidente, após receber o primeiro-ministro de Trindad e Tobago, Patrick Manning.
Afastando a hipótese de descontrole da inflação, Lula avisou que não pretende tomar medidas que envolvam a redução de consumo no país. Segundo ele, quaisquer iniciativas nesse sentido afetam os mais pobres, que, no seu governo, passaram a comer e consumir mais.
"Se tem uma coisa que o povo pobre esperou foi o direito de comer três vezes ao dia e de entrar em um shopping e comprar uma roupinha ou uma outra coisa", disse o presidente. "Vamos garantir [esse direito], custe o que custar", afirmou.
Indignado, Lula disse que não se conforma com o fato de alguns setores elevarem os preços dos produtos, sob o argumento de aumento do consumo da população. "Lamentavelmente, alguns setores aproveitam o momento que o povo está consumindo para aumentar os preços", disse. "E nós precisamos cuidar disso com muito carinho. Eu não vou diminuir o consumo no país", reiterou.
Subsídio agrícolas
Sobre as negociações da Rodada de Doha na OMC (Organização Mundial do Comércio), o presidente criticou os países ricos, afirmando que não estão acostumados a negociar com o mais pobres.
"Eu acho que tanto os americanos quanto os europeus estão habituados a um tempo em que não havia negociação. Eles impunham o que eles queriam e os outros eram obrigados a aceitar", afirmou.
"O mundo passa por uma crise de produção e todos deviam plantar mais alimentos. Para que os países pobres plantem mais alimentos é preciso que haja perspectivas de mercado para venderem seus produtos. Isso para mim está muito claro”, disse.
"Se não houver uma efetiva redução dos subsídios dos Estados Unidos e flexibilização para o mercado agrícola dos europeus, não tem acordo. E cada um arca com a sua responsabilidade. Cada um depois vai colher aquilo que plantou", completou Lula.
O presidente aproveitou para elogiar o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, que sofreu desgaste nos debates em Genebra, na Suíça, por ter comparado a postura dos Estados Unidos e da União Européia à técnica do chefe da propaganda da Alemanha nazista, Joseph Goebbels, segundo a qual uma mentira dita mil vezes acaba sendo aceita como verdade.
"Amorim é um extraordinário negociador e penso que nós estamos em boas mãos", afirmou o presidente, reforçando que está "otimista" com a possibilidade de um desfecho mais equilibrado das negociações.
"Tenho dito que sempre sou o mais otimista dos dirigentes mundiais na possibilidade de fazer um acordo na Rodada de Doha até porque eu estou convencido de que se nós quisermos ter paz no mundo, se nós quisermos combater o terrorismo, se nós quisermos evitar essa perseguição que tem aos imigrantes do mundo inteiro, nós temos que ajudar a desenvolver os países mais pobres. Isso necessariamente passa por um bom acordo na Rodada de Doha", declarou Lula.
Com agências

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