segunda-feira, 19 de maio de 2008

Valor: Investimentos já atingem todos os setores industriais

Leia íntegra da reportagem publicada no jornal Valor Econômico, edição desta segunda-feira (19):

Investimentos já atingem todos os setores industriais

Ao contrário do que ocorria em 2004 e 2005, quando estava concentrado em setores intensivos em recursos naturais, o investimento se generalizou pela economia brasileira. Por conta da expansão do mercado interno, muitos fabricantes de bens de consumo voltaram a comprar e encomendar máquinas e equipamentos. Retomaram os investimentos os setores automotivo, de construção civil, têxteis, calçados, embalagens, entre outros.
Os fabricantes têxteis e de confecções elevaram em 32% as encomendas de máquinas para os fornecedores locais em 2007 em relação a 2006, conforme dados da Abimaq. Para artigos plásticos, os pedidos de máquinas cresceram 14,5%. Em equipamentos para hidráulica e pneumática, a alta chegou a 45%. O prazo médio da indústria de bens de capital para atender os pedidos chegou a quase 5 meses no ano passado.
Na Automatisa, que produz máquinas de corte e gravação a laser para o setor têxtil, a alta nas vendas chegou a 25% no primeiro quadrimestre em relação a igual período de 2007. Segundo Hugo Vivanco, diretor-geral, a empresa pegou carona no bom momento que vive a confecção brasileira, com aumento do crédito, melhora da renda e maior consumo interno. A renovação do parque da indústria de calçados, preocupada em melhorar a produtividade, elevou as vendas da Himaco em 10% no primeiro quadrimestre, informa Cristinan Heinen, gerente comercial da empresa.
A produção de bens de capital cresceu 20% nos 12 meses acumulados até março, percentual superior ao desempenho de 6,6% da indústria em geral. Segundo a associação dos fabricantes de máquinas, o mercado local respondeu por 74% do faturamento no primeiro trimestre, comparado com 61% em igual período de 2007. "O investimento está mais desconcentrado, robusto e saudável", diz Sérgio Vale, da MB Associados.

As vendas da Deb"Maq cresceram 30% em 2007 em relação a 2006. A empresa produz tornos, fresas e máquinas de usinagem para os mais diversos segmentos, como automotivo, petrolífero e sucroalcooleiro, e possui uma divisão de máquinas plásticas, utilizadas em brinquedos, embalagens e até no setor aeronáutico. "O mercado está aquecido como um todo", resume o diretor comercial, Edson Pereira Marinho.

Compra de máquinas cresce e se दिवेर्सिफिचा
Para elevar a produção, os fabricantes de tecidos e roupas aumentaram em 32% as encomendas de máquinas e equipamentos para os fornecedores locais no ano passado em relação a 2006. Apesar da perda de competitividade na exportação, o setor têxtil está investindo, apostando no mercado interno. E não é o único. Autopeças, brinquedos, embalagens, calçados e móveis, entre outros, expandiram a compra de bens de capital nacionais ou importados, confiando na pujança das vendas no país.

"O investimento está mais desconcentrado, robusto e saudável", afirma Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados. Dados da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), compilados pela MB, demonstram crescimento generalizado das vendas, da produção e das encomendas do setor de bens de capital.
Em 2007 em relação a 2006, a produção de bens de capital para a indústria automobilística aumentou 13%, segundo o IBGE. A produção de equipamentos para a construção civil subiu 19%, para energia elétrica, 26%, e para fins industriais em geral, 17%. O destaque ficou para o crescimento da produção de equipamentos para o setor agrícola com 48%.
Conforme levantamento da Abimaq, os pedidos em carteira de seus associados também estão fortes. Para artigos plásticos, as encomendas de máquinas cresceram 14,5% no ano passado em relação a 2006. Em equipamentos para hidráulica e pneumática, a alta chegou a 45% na mesma comparação. Os pedidos de máquinas para bombas e motobombas subiram 25%.
"Em 2007, 15% das vendas foram para o setor automotivo, que está crescendo forte. Em 2008, a bola da vez é máquinas agrícolas e máquinas para energia, desde álcool até hidrelétricas", disse ao Valor Hermes Lago Filho, diretor de comercialização de máquinas-ferramentas da Romi, que estava no estande da empresa durante a feira Mecânica, em São Paulo, na semana passada. A Romi elevou as vendas em 23% em 2007 - um número de "respeito", diz o executivo. No primeiro trimestre comparado com janeiro a março de 2007, o faturamento aumentou 30%.
Hermes explica que a Romi também consegue um bom desempenho com os clientes chamados de "terceirizados" - pequenas e médias empresas que fornecem partes e peças para os setores automotivo, aeronáutico ou agrícola. Segundo ele, esse segmento, que engloba companhias com cerca de 100 empregados, está muito aquecido e respondeu por 30% das vendas totais no ano passado.
A produção física da indústria de bens de capital cresceu 20% no acumulado de 12 meses até março deste ano, percentual superior ao desempenho de 6,6% da indústria em geral. Segundo a Abimaq, o mercado local respondeu por 74% do faturamento do setor no primeiro trimestre deste ano, diante de 61% na mesma comparação em 2006. As importações de máquinas e equipamentos aumentaram quase 45% no primeiro quadrimestre do ano.
Com a economia crescendo a 4,5%, Vale diz que o desempenho do setor de bens de capital deve seguir positivo. O prazo médio para atender os pedidos em carteira subiu de 4,5 meses em 2006 para 4,9 meses em 2007. O emprego na indústria de máquinas, que recuava 0,9% no acumulado de 12 meses até junho de 2007, reverteu essa tendência e chegou ao fim do ano passado com alta de 4,5%, conforme dados da Abimaq, elaborados pela MB.
"A alta dos juros não vai ser tão expressiva a ponto de conter a expansão do investimento e, conseqüentemente, do setor de máquinas", avalia Vale, referindo-se ao aperto monetário iniciado pelo Banco Central recentemente. "A perspectiva da demanda é positiva e os setores têm que investir para fazer frente a essa demanda", completou.
De acordo com Carlos Pastoriza, diretor-secretário da Abimaq, os setores ligados à cadeia de recursos naturais ainda são os líderes da compra de máquinas. Os principais são petróleo e gás, açúcar e álcool, papel e celulose e siderurgia e mineração. Além do desempenho positivo, os investimentos dessas áreas são bem mais vultosos. Vale, da MB, explica que a diferença é que os investimentos estavam concentrados apenas nesses setores em 2004 e 2005 e, a partir do ano passado, ficaram mais pulverizados.
"O setor siderúrgico está forte e deve continuar assim por um bom tempo. A indústria automotiva também vai bem, porque a exportação caiu, mas o mercado interno tomou conta do espaço", diz José Luiz Rubinato, diretor-geral da Yaskawa . As vendas da empresa aumentaram 10% no primeiro quadrimestre deste ano, ritmo superior a alta de 5% do ano passado.
A Yaskawa produz equipamentos de automação industrial, utilizados pelos setores automobilístico, siderúrgico e os pelos próprios fabricantes de máquinas. Rubinato diz que os fabricantes brasileiros são mais competitivos em máquinas um pouco mais sofisticadas. Nos setores que demandam equipamentos simples, como teares têxteis, injetoras plásticas, ou máquinas gráficas, a concorrência com os chineses é acirrada.
Em alguns setores de bens duráveis, o desempenho foi mais fraco. A produção de equipamentos para fabricação de celulares e eletrodomésticos avançou apenas 2% e 5% , respectivamente no ano passado, apesar do bom volume de vendas dos produtos finais no mercado brasileiro. Esses setores possuem forte conteúdo de insumos ou até produtos acabados importados, o que prejudica a venda de máquinas.
Robinson Naoki Miki, gerente de marketing da Mitutoyo, explica que as vendas de máquinas para o setor eletroeletrônico crescem, mas em um ritmo menor do que o esperado. Já o setor de autopeças, que absorve quase 40% das vendas da empresa, vive um boom. A Mitutoyo produz instrumentos de medição. Em 2007, as vendas da empresa aumentaram 20% em relação a 2006. "A exportação não tem sido o foco dos clientes. Os investimentos estão voltados para o mercado interno", diz Miki.

"O mercado está aquecido como um todo", resume o diretor comercial da Deb"maq, Edson Pereira Marinho. A empresa - que produz tornos, fresas e máquinas para usinagem - atende os mais diversos segmentos, como automotivo, petrolífero, indústria de base ou sucroalcooleiro. A Deb"maq também possui uma divisão de máquinas plásticas, que são utilizadas em brinquedos, embalagens e até no setor aeronáutico. As vendas da companhia cresceram 30% em 2007 em relação a 2006.

Valor Econômico

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